Variações climáticas ao longo do tempo.
Terão as alterações climáticas causa humana?
Pela primeira vez na história da humanidade estamos a alterar o clima terrestre através da emissão dos chamados gases de efeito de estufa. A principal causa destas emissões prende-se com a rápida intensificação da utilização dos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e seus derivados, gás natural) desde o início da Revolução Industrial.
Alterações climáticas no passado
O clima da Terra tem sofrido sempre alterações ao longo do tempo. Apenas à 20,000 anos atrás, grande parte do norte da Europa ainda estava coberto por um enorme glaciar com mais de 3 km de espessura! Nessa mesma altura, os Alpes e os Pirinéus estavam também cobertos com camadas de gelo, embora um pouco mais finas. Mudanças climáticas súbitas aconteceram frequentemente durante a Idade do Gelo, causando expansões ou retrocessos na cobertura glaciar. Nos climas frios ao longo do bordo sul dos glaciares pequenas comunidades humanas caçavam renas, cavalos selvagens e bisontes.
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Alterações climáticas globais
As alterações climáticas induzidas pelo Homem são o resultado na nossa emissão degases de efeito de estufa para a atmosfera. Estas emissões têm diversas origens, incluindo as actividades industriais e agrícolas, que fornecem os mais variados bens de consumo, as centrais energéticas, que produzem electricidade, os carros e os aviões, que nos permitem deslocações rápidas e confortáveis.
Os gases de efeito de estufa afectam o clima da Terra através de um reforço doefeito de estufa. Este último processo tem causas naturais e está relacionado, por um lado, com a elevada transparência do vapor de água, CO2 e outros gases da atmosfera terrestre à radiação solar e, por outro lado, com a sua elevada absorção da radiação emitida pela Terra, que de outra forma seria reenviada novamente para o espaço exterior. Sem este efeito de estufa natural a temperatura da superfície do globo seria de cerca de -18ºC e a Terra estaria desabitada (escolha o tópico Baixa Atmosfera para saber mais acerca do efeito de estufa).
A emissão de gases de efeito de estufa em grandes quantidades leva a um aumento da sua concentração atmosférica, o que conduz a um efeito de estufa adicional, com mais calor a ser retido pela atmosfera. Este efeito adicional leva a um incremento da temperatura do ar e a alterações no clima da Terra.
O que está a acontecer ao clima?
Os registos de temperatura realizados numa rede de estações sobre todo o globo mostram que a temperatura média à superfície aumentou 0.6ºC nos últimos 100 anos.
ALTERAÇÕES NA TEMPERATURA: A linha vermelha mostra as estimativas dos cientistas para a evolução da temperatura média da superfície do globo durante os últimos mil anos - medida em graus Celsius abaixo ou acima da temperatura média global em 1990. A área a cinzento indica as perspectivas dos cientistas sobre quanto mais alta ou baixa deverá ter sido a temperatura real (poderemos ver que a incerteza é tanto maior quanto mais recuarmos no tempo). Para os anos de 1000-1860 os cientistas têm tentado reconstruir a temperatura no Hemisfério Norte através do estudo de anéis de árvores, corais, amostras de gelo e documentos escritos (existe muito pouca informação acerca das temperaturas no Hemisfério Sul anterior a 1860). No período de 1860-2000, a temperatura tem sido medida em todo o globo com recurso a termómetros. As curvas para o período 2000-2100 mostram como os cientistas esperam que a temperatura se altere no futuro (projecções), as quais dependem das nossas emissões de gases de efeito de estufa ao longo de século XXI (ver próxima unidade). Fonte: IPCC (prima para aumentar, 54 kB)
Existem muitos tipos de gases de efeito de estufa. Grande parte da contribuição humana para o efeito de estufa adicional deve-se às emissões de dióxido de carbono (CO2). Este gás existe naturalmente na atmosfera terrestre, mas a sua concentração tem crescido dramaticamente desde o início da Revolução Industrial. Este crescimento é maioritariamente, se não completamente, causado pelo Homem. Outros gases de efeito de estufa, tal como o metano (CH4), também viram as suas concentrações aumentadas. Adicionalmente, a atmosfera contém hoje vários gases de efeito de estufa que não ocorrem naturalmente na atmosfera e, por isso, podem apenas ter causa humana (ler mais acerca de alteraçoes observadas nas concentraçoes atmosféricas de gases de efeito de estufa aqui). A concentração de vapor de água, um importante gás de efeito de estufa, também aumentou. Mais vapor de água na atmosfera não é resultado directo de maiores emissões de vapor. Em vez disso, é um resultado indirecto das emissões de outros gases de efeito de estufa. Temperaturas mais elevadas levam a maiores evaporações de água dos oceanos, solos, lagos e rios e a uma maior capacidade da atmosfera para reter a humidade.
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As actividades humanas também aumentam a quantidade de partículas na atmosfera. Algumas delas levam a um arrefecimento que cancela parcialmente o aquecimento causado pelo efeito de estufa adicional. Por exemplo, quando o dióxido de enxofre (SO2) é libertado para a atmosfera transforma-se em partículas que reflectem a luz solar e reduzem, deste modo, a radiação solar que atinge a superfície do globo. Mas, enquanto que maioria dos gases de efeito de estufa permanece na atmosfera por muitos, por vezes milhares, de anos, as partículas têm um tempo de vida de apenas alguns dias. Sendo assim, o arrefecimento por elas causado é de curta duração e limitado a certas áreas.
A influência humana adiciona-se a todos os factores naturais que desde sempre estiveram presentes no clima da Terra. O clima é influenciado por condições exteriores à atmosfera terrestre (por exemplo, luminosidade do Sol e pequenas alterações na órbita terrestre). O clima é também influenciado por processos naturais que têm lugar na própria atmosfera, oceanos, vegetação, neves e gelos. Estes factores combinam-se com a influência humana na formação o clima da Terra.
Um clima mais quente modificará o planeta de várias formas. À medida que a Terra se tem tornado mais quente, o nível do mar tem subido alguns centímetros. Uma atmosfera ainda mais quente levará a subidas ainda maiores no nível do mar. Isto acontece principalmente porque as temperaturas mais elevadas dos oceanos levam à expansão da água do mar, o que significa que os oceanos passam a ocupar um maior volume. Esta necessidade crescente de mais espaço "empurra" a superfície dos oceanos para cima. Para além disto, as temperaturas mais elevadas são a causa da fusão de muitos glaciares. Partes das enormes camadas de gelo que cobrem a Antártida e a Groenlândia podem também começar a fundir. Os escoamentos resultantes destas fusões dirigem-se para os oceanos, adicionando-lhe massa e contribuindo também para a subida do nível do mar. Os gelos marinhos que flutuam no Árctico, junto ao Pólo Norte, também se podem fundir. Contudo, uma vez que este gelo já está a flutuar no oceano, a sua fusão não terá qualquer efeito na subida do nível do mar.
Temperaturas mais elevadas causarão maior evaporação de água. Isto poderá agravar as secas em alguns locais e aumentar a precipitação noutros - se o vapor de água criar nuvens de chuva. Uma atmosfera mais quente pode também alterar as direcções dominantes do vento e as correntes oceânicas. O aquecimento não será distribuído uniformemente pelo planeta; algumas regiões ficarão mais quentes, enquanto que outras arrefecerão (ler mais acerca de algumas alteraçoes observadas no clima físico). Na unidade 2 conheceremos quais as alterações climáticas que podem ser esperadas nos próximos cem anos e quais as consequências que estas poderão ter nas pessoas, animais e plantas. Na unidade 3 aprenderemos o que pode ser feito para reduzir estas alterações.
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